segunda-feira, 13 de junho de 2022

A arte na deriva

 Sistema de Deriva

 

A arte na Deriva

 

    A minha deriva consiste em seguir a arte, mais concretamente as galerias de arte. Estando em Belas-Artes, localizada na Baixa-Chiado um dos maiores centros culturais de artes de Grande Lisboa, achei um bom espaço para ser possível pôr em prática a minha deriva.

   O Chiado e arredores possuem imensas galerias, que muitas vezes acabamos por desconhecer ao se esconderem nas pequenas ruelas da cidade de Lisboa.

   A deriva para além das galerias vem também estabelecer uma ligação às exposições e obras de arte que se encontram no momento em cada galeria, pois estas serão o verdadeiro fator/ conexão de cada estação que avançaremos na nossa deriva. 

   Esta deriva acaba também por ajudar a promover a arte portuguesa e a arte em geral, ajudando a conhecer um pouco não só de cada obra mas também de cada galeria.



Instruções:


   A pessoa estabelece uma ligação entre o quadro/ exposição que está a ver e o seu significado. Daí irá ligar essa palavra/ conceito ao nome de uma galeria, e assim continuar sucessivamente.

     O sujeito inicia o seu percurso na galeria de Belas-Artes e conforme as sensações/ sentidos que as obras expostas lhe transmitirem, deverá seguir para a próxima galeria cujo significado lhe corresponder. Ao ver a exposição que se encontra no momento irá fazer o mesmo em todas as outras paragens. 

    A deriva também pode ser feita com a ajuda da aplicação ou de um mapa em papel do projeto Mapa das Artes da associação Isto não é um cachimbo.

  Esta acaba por ser uma deriva que irá sempre ser diferente para cada pessoa e em cada espaço/ tempo, pois depende inteiramente da exposição temporária que cada galeria apresenta e do modo de pensar de cada um. E mesmo que seja uma exposição permanente, (o que também às vezes acontece) cada pessoa interpreta os quadros à sua maneira e vê os seus significados de forma diferente.

 

Exemplos de galerias de arte por Lisboa:

                 Aplicação: Mapa das artes    Google maps



   

 

Estações da deriva/ concretização da deriva

 

1.     Galeria de Bela-Artes da Universidade de Lisboa

 

    Tendo em conta que no momento em que se realizou a deriva a exposição presente era 

“ As faces de Plotino” de Artur Ramos, com obras de estilo realista e de caráter do passado, estas pinturas remeteram-me para algo muito antigo. Daí procurei visitar uma galeria que me ligasse a algo do passado.

 





2.     Galeria Cisterna


Cisterna como nós sabemos é um reservatório de água que já data de algum tempo, dái conectar esta palavra ao significado de passado da exposição da galeria anterior.

Nesta galeria foquei-me apenas neste quadro de Sara Maia, pois foi o que me chamou mais a atenção, com os seus tons fortes e um modo de pintar bizarro. Após examinar e perceber que existiam tantos elementos nesta pintura limitei-me a tentar focar apenas num, no canto inferior esquerdo, talvez estivesse representado um presépio com os três reis magos a passar por cima de um monte. Depois de muita pesquisa acabei por encontrar uma galeria não tão relacionada ao seu sentido, mas sim ao lugar que os três reis magos pisam.





 

3.     Galeria Munoz Carmona


À partida o nome Munoz Carmona pode não ter muito a ver com o assunto do quadro interior. Mas na verdade a palavra Munoz quer dizer colina/ sítio, é um sobrenome derivado do espanhol.

    A galeria apresentava uma exposição sobre natureza morta, de André Ribeiro, mas com um certa irregularidade e mais ligado para o contemporâneo. 




 

4.     Galeria Ratton


   Da exposição anterior associei os animais da natureza morta a somente um: o rato. É provável que o nome desta galeria não provenha de um mero animal, mas Ratton remete sem dúvida alguma para a palavra rato. 

A galeria apresentava uma exposição de Lourdes Castro, com título "Entre amigos", peças maioritariamente em azulejo e com um toque da cultura portuguesa.





5.     Galeria Brisa


    A partir da imagem do mar em algumas obras da galeria anterior, associei mar a praia e praia a brisa.

    Aqui a exposição era de Francisco Baccaro e Daniel Mattar, arte contemporânea, principalmente em tons de azul.

 




6.     Galeria quadrado Azul


     Com base nos quadros da exposição anterior, vim dar à galeria Quadrado Azul, não porque os quadros eram azuis mas sim porque remetiam muito para essa cor.

    Nesta exposição de Luisa Jacinto o fator predominante era a cor e as paisagens.

 




 

7.     Galeria Arte Periférica


    Baseando-me nas paisagens, mais especificamente as que se encontravam à margem da água ou à parte da cidade, liguei a palavra periferia à palavra periférica.

    Mais uma vez uma exposição de Natureza morta, de Vanessa Chrystie, mas com umas cores fortes e tons quentes.




 

 

8.     Galeria Underdogs


    Como a exposição anterior apresentava animais de diversos ambientes voltei a relacionar os animais a um único, neste caso o cão (= dog).

    A galeria Underdogs apresentava diversas exposições, mas aquela que me chamou mais à atenção foi a Vacancy, de Dimitris Trimintzios, também conhecido por Taxis. Com obras muito variadas, algumas fotografias e desenhos de diversos temas.






 

9.     Galeria Casa- Atelier Vieira da Silva


    Desta vez não fui tanto para o conceito, mas sim para o objeto. Foquei-me apenas num quadro, numa fotografia, que apresentava uma casa no meio de uma abundante vegetação, dai relacionar essa casa com a palavra Casa-atelier que outrora pertencera à pintora Helena Vieira da Silva.

    Nesta exposição o que me chamou mais à atenção foi este conjunto de quadros de paisagens com tons claros brancos, como a neve.




 

10.  This is not a white cube gallery


    Associei o branco das pinturas com a palavra white. 

    A galeria This is not a white cube é uma das que apresentava uma maior variedade de obras e objetos todas de diferentes estilos e espécies.

    Uma das exposições era a de Pedro Pires, "Border series", que consistia em várias representações do ser humano, quer em pintura quer em estatuária.



 

 

11.  Galeria Carlos Carvalho


    Um nome simples para uma galeria, apenas o nome de um homem, que facilmente associo a uma figura humana.

    Uma galeria espaçosa com uma exposição de Jessica Backhaus, “About Color”, cheia de cor, significados e memórias. Sem dúvida das que mais gostei.





 

12.  Galeria 111


    Aqui fica, provavelmente, a minha ligação mais complexa de toda a deriva.                                             

    Como é que associei o número 111 à exposição da galeria anterior? Bem, aquilo em  que me foquei não foi nas obras em si ou no conjunto de obras que a exposição apresenta, mas sim na forma de como se encontram expostas. A maneira um pouco fora do comum de serem apresentadas, umas mais acima e outras abaixo acaba por assemelhar-se a um código, quase como o código binário, que consiste apenas em zeros (0) e uns (1).Assim, associei este número a esse código.

    A galeria 111 de momento apresentava uma exposição que reunia um coletivo de artistas, com o nome Besta.


Pedro A.H. Paixão, The Yach

 

 

 

13.  Artemis gallery


    Artemis, como nós sabemos é a deusa da caça, da proteção e uma das maiores forças da natureza. E como a exposição anterior apresentava diversas fotos e pinturas do meio natural acabei por associar assim mais uma vez a natureza a algo, e neste caso foi à deusa.

    Artemis Gallery possuía uma vasta seleção de obras e exposições, muitas relacionadas com novas tecnologias. É sem dúvida uma galeria fascinante, com temas interessantíssimos e das que mais me marcou em toda a deriva.

    Uma das exposições presentes era a Night’s Light, Body and Turtle, de Giuseppe Gonella. 

 

 

14.  The switch gallery 


    Terminei a minha deriva na the switch gallery, pois as obras de Giuseppe Gonella foram de tal modo grandiosas e diferentes que acabam por ser uma mudança(switch) na minha visão da arte.

    The switch é também uma galeria representada em diversas partes do mundo, com obras e exposições impressionantes. De momento tem em exibição ”The Ghosts are calling” da organização Skoya Assemat-Tessandier. 

 

 



 

 

sexta-feira, 10 de junho de 2022

 Passeio com o meu amoue 

 A minha proposta de deambulação passa por conhecer e explorar os gostos de cada uma de noz, para além disso, mostra o que nós gostamos de fazer juntas.

Inicialmente, sugeri como ponto de partida a estação de sete rios, é sempre lá onde nos encontramos ou nos despedimos no inicio e fim de semana. Como prova tenho os bilhetes e recibos de todas as viagens já feitas por nós. 


Em seguida, procedemos para o centro comercial do Colombo, onde vamos ao cinema muitas vezes, sendo este o único motivo pelo qual este ponto ser relevante para esta deriva.



Partimos para os jardins da Gulbenkian, onde passamos as tardes a ver a diversidade de espécies que lá vivem.



Seguimos para o parque das Nações, onde damos os passeios mais agradáveis ao pé do rio.

Ainda no parque das nações, paramos no Time, pois ambas adoramos o “bubble tea”.
Em seguida e para completar mais a viagem fomos andar no teleférico.



Apanhando o metro paramos na Avenida Afonso Costa, onde por alguma razão nós amamos cantar aos altos berros.

Depois, descendo para Campo Pequeno, passamos pelo edifício colossal da caixa geral de depósitos, passando pelo jardim especificamente, pois esse edifício em geral desperta um deslumbre devido ao seu tamanho e um ambiente que mete respeito.



Apanhando o comboio (ou como eu digo sempre o “o Combas”), chegamos ao centro cultural de Belém, onde não resistimos e paramos sempre no Santini para comer um gelado. 

Passamos também pelo grande jardim de Belém, onde ficamos até eu em específico me fartar.

Aproximamo-nos do rio e caminhamos até ao maat, onde amamos ver o pôr do sol.





Seguimos para a Baixa, onde vamos ao miradouro de Santa Catarina ouvir as bandas de rua e beber um refresco.


Descemos para um restaurante chamado Mommy cake, onde comemos os melhores noodles da cidade. 




Por fim chegamos à Faculdade de belas artes onde pela manhã cedo o meu amor me entrega e mais tarde me vai apanhar.








quinta-feira, 9 de junho de 2022

Deriva Turística

 Introdução 

“A deriva apresenta-se como um método diferenciado para diagnosticar e detetar a cidade, com uma técnica de passem rápida por diferentes ambientes. De acordo com Debord (1958), o conceito de deriva está indissoluvelmente ligado ao reconhecimento de efeitos de natureza psicogeográfica e à afirmação de um comportamento lúdico-construtivo, o que o torna absolutamente oposto as tradicionais noções de viagem e de passeio.”

Com esta proposta de deriva, gostaria de propor um convite para as pessoas deixarem o conforto das suas casas e se aventurarem a conhecer um pouco mais aprofundadamente a cidade de Lisboa e tudo o que esta oferece, numa pequena jornada onde será apenas necessário um bom par de calçado e força de vontade. O principal princípio da minha proposta é o conhecimento geral e uma maior procura pela cultura e pela história da cidade, de modo a conhecer melhor as nossas origens e o que nos trouxe até aos dias de hoje.

Sendo a cidade de Lisboa um dos maiores pontos turísticos de Portugal, sempre repleta de novas personalidades e novos olhares curiosos, decidi que iria usar esse fator como o sistema base da minha deriva. Ou seja, sendo a cidade de Lisboa caracterizada pela sua vasta movimentação quotidiana e pela procura turística, decidi que iria usar as próprias pessoas como guias nesta deriva.

Instruções

Para a concretização desta deriva, a única regra estabelecida é usar as próprias pessoas como “guias”. Isto é, uma vez chegado à cidade de Lisboa, o deambulante terá de se guiar pelo maior número de pessoas que a sua vista consegue alcançar, dirigindo-se assim, aos locais onde consegue captar uma maior movimentação. Neste sistema de deriva não existem números certos, ou errados, ou concretos, a sua execução depende do olhar e da curiosidade de cada um, tendo apenas em atenção às pessoas em redor.

Deriva Pessoal

A minha deriva teve início na Estação de Comboio da Parede e fim na Faculdade de Belas-Artes tendo havido, no entanto, 12 paragens durante o percurso da viagem.

1 - Iniciando a viagem na Parede, pertencente ao concelho de Cascais, entrei no comboio com destino ao Cais do Sodré, atentando a todos os pormenores das outras estações pelas quais passo durante o caminho (as praias, as habitações, os elementos da natureza e até mesmo as próprias estruturas industriais). 



2- 
Chegando ao Cais do Sodré, dirigi-me à Ribeira das Naus, sentindo-me mais acompanhada ao caminhar ao lado do mar, pois este sempre foi um elemento muito presente na minha vida…


3- Seguindo a linha marítima e o movimento natural das pessoas à minha frente, chego à Praça do Comércio que, por algum motivo que me é desconhecido, é um local que me transmite um grande conforto emocional devido à sua beleza e a toda à sua história. É sem dúvida um marco na história portuguesa e, a meu ver, esta torna-se no coração da cidade de Lisboa.


4- Em seguida, as pessoas levaram-me, quase que automaticamente à famosa Rua Augusta. A maior rua turística da Cidade de Lisboa, onde se pode encontrar um pouco de tudo o que caracteriza esta bela cidade, desde grandes lojas, a pequenas lojas de comércio local, a artistas de ruas e restaurantes emblemados com as suas esplanadas.


5- Seguindo o seu percurso, dou de caras com a Praça Dom Pedro IV, no Rossio, sempre decorada com a movimentação das pessoas a seu redor…


6- Deixando que o próprio movimento me encaminhasse, continuei a andar até chegar a esta rua estreita, onde se apresentam os gloriosos Coliseu dos Recreios e o Teatro Politeama



7- Posteriormente segui caminho para o Jardim do Torel, um dos meus sítios favoritos de Lisboa, onde é dado o acesso a uma maravilhosa vista panorâmica da cidade de Lisboa e onde é possível também deixar os pensamentos voar e apenas aproveitar a tranquilidade do local e contemplar a beleza da vista.




8- . Por muito que quisesse perdurar na paragem anterior, a minha viagem tinha de continuar, por isso, continuei a seguir as pessoas à minha volta e dirigi-me à emblemática Avenida da Liberdade, onde percorri o seu carreiro até aos Restauradores.



9- Daí apanhei o autocarro nº1, pois era a primeira vez que o estava a ver com os meus próprios olhos e não queria perder esta oportunidade… Este levou-me até à Rua do Carmo onde, automaticamente me encaminhei para o famoso Elevador de Santa Justa, não resisti e tirei umas fotografias à vista incrível que tinha à minha frente.




10- Finalizando a minha deriva, desloquei-me até à minha faculdade, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, um local também ele cheio de história e de uma beleza particular que nem todos sabem apreciar.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Deriva pela Luz



   A exploração do desconhecido entende-se como a iluminação do saber. Tendo este conceito como base perante a conceção de todo o projeto, decidi que a deriva que pretendia realizar iria ter como tema a descoberta da luz, a descoberta do visível dada pela conquista da noção.

ENTENDIMENTO INICIAL

   Ao descobrir o “mundo” que é a cidade de Lisboa, no início da minha jornada de compreensão da mesma, encontrei me às escuras, sem compreender como abordar o frenesim com o qual me deparava. A cidade é muito complexa à primeira vista, por isso não consegui criar um caminho próprio desde o início, tive de seguir caminhos já criados. Ao perceber como lidar com o barulho da cidade, clarifiquei a minha própria maneira de chegar á razão principal por que estou aqui, a faculdade, a luz que guiou a necessidade de compreensão da cidade nua. No início nada estava clarificado na minha jornada, mas quão mais próximo estava da faculdade, mais tudo passou a fazer sentido.

Lisboa passou de uma mera sombra a uma visão clara.

 Assim, o plano inicial revolvia-se á volta da delimitação de uma marca artística em cada uma das 14 paragens que representam alguns dos momentos que progressivamente clarificaram a minha visão da cidade. Através de momentos pintados pretendia reproduzir a minha visão que vai gradualmente da escuridão total, sentida com o começo desta experiência à claridade, consoante o entender da cidade, representada pelo puro branco.

INSTRUÇÕES

   O objetivo final irá ser sempre a fonte de energia que movimenta toda a jornada que o viajante procura percorrer, a “luz”. A noção e entendimento do que a cidade é ou antes foi não é crucial ou de todo necessária para o embarque nesta viagem. Aliás, esta trajetória simplesmente se torna mais enriquecedora quão mais o participante não tiver conhecimento por onde está a seguir.

   Na preparação perante a viagem a embarcar, é primeiro necessário encontrar a “luz” que se pretende atingir. A luz é entendida como o único parâmetro que move o viajante. Seja por conveniência ou pura curiosidade, o posicionamento da sombra e fonte solar faz com que o viajante seja forçado a decidir por onde seguir, levando á descoberta de caminhos que não poderiam ser encontrados perante uma rota pré-determinada.

   A captura dos momentos experienciados na deriva, pode ser feita da maneira que o viajante melhor entender. Uma vez que o trajeto é por si só algo único á experiência e à “luz” (destino) de cada um, tanto pode ser a maneira como este deseja marcar os pontos essenciais da viagem.

DERIVA PESSOAL

   Já no que toca á minha resolução da deriva, procurei captar os momentos mais decisivos na mudança de trajetória do que poderia ser o “caminho acertado” através do uso da pintura. Com o registo escolhido (seleção da luz de duas cores, uma simbólica do tempo no qual o momento foi captado e outra através da longitude perante a “luz” final) foi possível destacar todas os pontos essenciais de cada local através de um registo simples, mas efetivo. O valor sentimental também pode ser valorizado uma vez que o que motivou a minha luz foi a paixão pela pintura, dai a homenagem á disciplina que fez com que toda esta jornada começasse.

   Por outro lado, a simplicidade do registo atribuído através do uso de apenas duas cores para cada paragem, fez com que fosse possível atingir um modo de reprodução mais eficiente, uma vez que cada um destes registos foi conseguido em movimento. Daí também se pode reforçar a necessidade de tomar a luz como um fator importante não só na definição da trajetória a seguir, mas também como um fator que influencia a sombra/brilho a ser projetado perante o modelo representado e a superfície em si.

    Acerca dos pontos representados e explorados no decorrer da minha deriva, estes são, em respetiva ordem: Estação de metro de Sete Rios (Jardim Zoológico), Comboio de ligação a Alcântara Terra, Estação de metro de Santa Apolónia, Escadaria ao pé da igreja de São Vicente de Fora, Calçada de São Vicente, Escadaria no Largo da Santa Marinha,  Arco Grande de Cima, Rua de Santa Cruz do Castelo, Escadaria na Rua Marques Ponte de Lima, Escadinhas da Saúde, Largo do Carmo, Vista do rio ao pé da Praça do Comercio, Beco do Colégio dos Nobres e finalmente, a  Faculdade de Belas Artes.

  De modo a me manter o mais fiel à base do projeto possível, decidi começar pela estação na qual iniciei a minha jornada de descoberta da cidade nua originalmente, Sete Rios. Conforme o planeado, decidi me basear única e exclusivamente pela captação de momentos oportunos onde a luz poderia ser interessante de ser representada, daí o uso de locais onde a iluminação e sombra variam bastante. Nesta jornada tentei incorporar a mesma inocência que primeiramente senti ao explorar a cidade, levando me assim a explorar caminhos que nunca tinha percorrido, em vez de ligar a trajetória da qual faço todos os dias que me levaria ao mesmo local com mais eficiência. As diferentes maneiras das quais a luz se apresentou perante toda a expedição fizeram com que a experiência de representação se tornasse mais diversificada e me movesse a experimentar novas maneiras com que poderia expressar as mesmas, sendo estas reflexões, sombras diretas, ausência de sombra ou luminosidade em geral, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

   A deriva pela luz pode ser dada como a descoberta do desconhecido através da busca por um símbolo maior. A necessidade de explorar o ambiente tomado como a cidade nua de modo a iluminar o caminho que leva à destinação desejada. Conforme o uso da mesma como guia, a instabilidade do ambiente envolvente reflete-se nos caminhos percorridos, sendo assim representados de inúmeras maneiras diferentes conforme a repetição deste mesmo processo.



Deriva pelo Anónimo

 

   Introdução 

  O meu intuito com o percurso foi de me atentar as mensagens anónimas deixadas por estranhos pela cidade. Esses recados agora se tornariam peças de uma galeria criada pelo meu subconsciente. Essas obras não têm autores conhecidos, ao menos por mim, mas sua existência estará registada no meu imaginário e provavelmente no de diversos outros que por um instante aperceberam-se delas.

  A arte inevitável muitas vezes é considerada a arquitectura, mas as paredes de edifícios se tornam telas em brancos em olhares de muitos. E o mistério de talvez nunca saber o significado de sua existência me intrigam diariamente.


Deriva

 1-Meu percurso teve início na jornada diária que tomo ao metro de Moscavide, mas os grafites acabaram por me guiar aos comboios.



2-   2-  Lá reconheci alguns grafites que por instantes me chamaram o olhar, e me pareciam familiares.








 3-   O próximo comboio que sairia na linha em direcção ao centro de Lisboa era o com destino a Santa Apolónia. Lembrei que é muito comum haver grafites nas portas e janelas dos comboios e tentei entrar em algum que houvesse. O que se provou fácil de encontrar, contudo não tive tempo de registá-la. Por acaso o assento que escolhi tinha alguns riscos na parede ao lado da janela. Levei um momento para notar do que se tratava.




4- Os desenhos me levaram para o exterior da estação e aceitei que meu percurso até a faculdade seria feito a pé a partir de então.

 

 5- Os desenhos pareciam me guiar a sudoeste da Estação de comboios.

                                                  
6- Fui me distanciando da margem do Rio, quando me deparei com uma escada pintada que me chamou a atenção.

7- Subia intermináveis degraus e ruas estritas que me guiavam a caminhos tortuosos. No conforto do abraço dos prédios e na tontura da sinuosa jornada senti que estava em Alfama.

8-  Adentrei Alfama e conheci lugares que nunca tinha visto, até houve um ponto que me esqueci que estava a fazer o trabalho.


9-Descendo as estreitas escadas pude ouvir fado sendo cantado, parei por alguns minutos para escutar e depois segui adentro de Alfama tentando me direccionar para onde pensava que ficava o Chiado.

                                  

10-  Após o que penso ter sido aproximadamente 40 minutos de caminhada, não tinha a certeza de onde estava.

                                       

11- Depois de passar por um túnel em um prédio que parecia estar em reforma, já podia ver o amarelo do edifício da Praça do Comércio.

               

12-Por coincidência as placas com adesivos me guiavam em direcção à faculdade.



13- Depois de um longo caminho subi as escadas próximas da FBAUL, as mesmas que costumo subir todas as vezes que vou a aula, mas que já não era a mesma. Estava a ver com olhos mais atentos e percebi coisas que lá nunca tinha visto.




14-
  Finalmente cheguei me aproximei do edifício de Belas Artes e encontrei mais coisas que passam desapercebidas durante minha rotina.



Conclusão 

Ao explorar o caminho percebi que estava explorando a mim e fico feliz por essa proposta. Certamente virei a repetir o exercício durante a jornada académica e vida.